Desde 2009, o Circuito Mundial Red Bull Cliff Diving tem sido uma plataforma onde é possível ver saltos de uma grande beleza estética e de uma complexidade incrível. Nos últimos 9 anos, o painel de cinco juízes internacionais mostrou os seus cartões de notas um total de 17,620 vezes, mas a nota máxima de 10 apenas foi vista em 98 ocasiões. Num desporto em que o mínimo dos erros pode ser a diferença entre uma pontuação alta e baixa, entre ganhar e perder e entre campeões e vice-campeões, o que é que um cliff diver tem de fazer para acertar em cheio um salto e conseguir aquele 10 mágico?
"Um salto é um milhão de detalhes", explica o russo Artem Silchenko, campeão do Circuito Mundial em 2013 e atual wildcard. "Tens de saber todos os detalhes. Se cometes um pequeno erro já não é um 10. Os juízes querem ver tudo, mas principalmente o salto e o que fazes no ar: todas as tuas posições, toda a tua técnica, todas as tuas linhas e também, claro, uma entrada limpa."
O inglês Gary Hunt, que já foi campeão por 6 vezes, mostrou ter uma opinião semelhante à de Silchenko acerca do que é necessário para assegurar um 10, tendo desconstruido ainda o lado psicológico do salto.
"Para mim, a parte mais assustadora de um salto é o processo até ao mesmo", revela Hunt. "Depois tens o próprio salto, no qual, para mim, tudo é um grande alívio: saltas e já não há dúvidas. Depois tens a parte mais importante: aquilo que estás a fazer no ar, tentar fazer com que tudo tenha um bom aspeto. Depois, para impressionar os juízes, tens de entrar na água sem salpicos."

De momento, os homens preparam-se para competir na segunda etapa da temporada este fim de semana, em Bilbao, uma cidade em que Silchenko tem a honra de ser o único cliff diver a conseguir a nota máxima, em 2014. O foco dos atletas será sempre tentar os juízes a atribuir os 10s, mas o que é que os fará mostrar os dois digitos?
"É um fator wow", diz o australiano Steve Foley, que integra o painel de juízes desde 2011. "É um salto que quase te arranca da cadeira, te faz querer começar a bater palmas e aplaudir porque foi mesmo excitante. Agarrou a tua atenção e tem todos os aspetos que queres: o grande salto da plataforma, o poder, a estética, a beleza e, claro, a grande entrada."
"Para mim, é um salto que mexe contigo. Acontece num momento rápido; se ponderares demasiado e pensares sobre as coisas provavelmente nunca vais dar um 10.", considera o juíz.

As estatísticas do 10
- Houve 3524 saltos masculinos e femininos até à data e apenas 98 notas 10;
- Das 17.620 notas dadas, apenas 0,56% foram 10.
- Mais 10s num só salto: Jonathan Paredes (Texas 2016) e Artem Silchenko (Copenhaga 2013) -- 4
- Mais 10s recebidos -- Silchenko (36), Hunt (25) e Duque (14)
- Silchenko é o único a ter conseguido um 10 em Bilbau, em 2014
- David Colturi foi o último atleta a receber um 10, na etapa de Mostar em 2016
- Ginger Huber conseguiu o único 10 feminino em 2016, nos Açores
Ainda que só restem dar duas pontuações, parece que o marco das cem notas 10 ainda está longe de acontecer. Afinal, há dois anos que não é dada a pontuação máxima. Orlando Duque, o atleta mais experiente do Circuito Mundial, acha que sabe o porquê.
"Há uns anos o foco estava inteiramente na qualidade", refere Duque. "A qualidade era tudo, via-se nos resultados. Por isso é que acho que antes víamos mais 10s. Nos últimos anos o foco tem estado na dificuldade, e, quando a aumentas, é óbvio que erros mais pequenos se vão começar a notar. Os juízes reparam neles e as pontuações descem para 9 ½ e 9."
"Mesmo num salto bom consegues ver que a partida não foi boa ou que a entrada não foi perfeita. Com a dificuldade, por vezes, sacrificas um bocado da pontuação e perdes um bocado da qualidade.", notou o veterano colombiano.
10s por localização
- Texas - sete 10s por seis atletas diferentes em 2014
- Omã - sete 10s por três atletas em 2012
- Copenhaga - cinco 10s por três atletas em 2016
- País de Gales - cinco 10s por quatro atletas em 2012
A coisa mais importante na mente dos atletas este fim de semana em Espanha será, logicamente, conseguir assegurar a classificação mais alta possível. Mas, depois de uma incrível primeira etapa no Texas, onde a qualidade foi excecional e se viram bastantes 9s, é muito possível que esta seja a etapa onde se vai conseguir atingir os cem 10s. Quão poético seria fazê-lo na temporada do 10º aniversário do Red Bull Cliff Diving?
Vê em direto de Bilbau
Este evento vai ser transmitido em direto a 30 de junho, às 17h15 (hora de Lisboa), em www.redbullcliffdiving.com, Red Bull TV, Facebook, Youtube e Twitch. A Red Bull TV está disponível em smart TVs, consolas, dispositivos móveis e noutras plataformas. Sabe mais em about.redbull.tv
Se não conseguires ver o evento em direto ou se simplesmente quiseres ver toda a ação novamente, a repetição vai estar disponível 'on demand' alguns minutos após a sua conclusão.