A atleta australiana Rhiannan Iffland aproveitou o tipo de ano com o qual a maioria dos atletas só pode sonhar: depois de vencer todas as sete etapas do Red Bull Cliff Diving culminando numa temporada histórica perfeita e conquistando o quarto título consecutivo.
Mas foi muito mais que isto. A atleta participou na última etapa do Campeonato do Mundo de 2019 em Gwangju, Coreia do Sul, fora das medalhas, mas respondeu com um salto sensacional para arrebatar o ouro por apenas 0,15 pontos.
Foram 4 anos notáveis para a atleta de 28 anos desde que começou a competir profissionalmente, no entanto, Rhiannan Iffland ainda acredita que tem muito mais para aprender e há muito mais troféus para conquistar.
Alguma vez pensaste que conquistarias uma temporada perfeita noi início de 2019?
Estivemos num campo de treinos na China durante a última temporada e tive um ou dois dias muito maus. Fiquei muito insegura mentalmente. Na entrada desta nova temporada estávamos todos a treinar muito. Tive uma ótima estreia nas Filipinas, o que me deixou numa boa posição.

A pressão aumentou depois de teres ganho o ouro de forma tão dramática no Campeonato Mundial em julho?
Depois do Campeonato do Mundo, a pressão diminuiu, porque no ano passado comecei de forma diferente. Não comecei tão forte e realmente tive que lutar por isso. Então, este ano, o objetivo era ter um começo forte. No final da temporada passada, quando o Gary (Hunt) e eu estávamos na mesma posição difícil e conseguimos conquistar os nossos títulos, ambos dissemos que começaríamos esta temporada com força. Aprendo muito com o Gary e com a sua mente brilhante para saltar e competir.
Tens mais saltos escondidos no teu armário para defenderes o título em 2020?
Aumentei o grau de dificuldade nos meus mergulhos (já) difíceis. Alterei um há dois anos atrás e outro no ano passado. Tenho mais saltos no meu armário, e acho que tenho uma longa carreira pela frente. Quero subir ainda mais o nível para o ano.
Quanto do desporto se resume à visualização de um salto específico?
Deve-se muito à autoconfiança - certifica-te de que treinas o suficiente para te sentires confortável em cima da plataforma. Consigo imaginar a decolagem e como o salto se vai desenrolar - é aí que a memória muscular entra em ação.

Já tiveste um bloqueio mental antes ou durante um salto, em competição?
Há alguns anos, tive um bloqueio mental num salto super simples. Não estava focada e perdi op controlo do salto no ar. Depois disso, as descolagens frontais pareciam-me todas estranhas. Havia qualquer coisa na minha cabeça que me parecia esquisito. Foi o meu antigo treinador que me ajudou a ultrapassar isso - decidi mudar a forma como descolava da plataforma.
A chegada de novos talentos como Jessica Macaulay e Maria Paula Quintero foi uma motivação para ti?
Elas são jovens e estão a promover grandes saltos. Gosto muito de competir com pessoas que me levam ao limite. Alguém faz um bom salto à tua frente e cabe-te a ti decidir se consideras aquilo pressão ou energia positiva. É preciso que a competição seja difícil para valer a pena.

Nem tudo foi fácil. Como é que a lesão no joelho em Mostar em 2017 te afetou?
Saltei, novamente, o ano passado na Bósnia. Depois da minha lesão fiquei aterrorizada. Eu tive de passar por isso, porém, não tinha escolha. O primeiro salto foi terrível mas, este ano, uma coisa que aprendi foi a conversar mais e confiar nas pessoas à minha volta.
És uma atleta versátil e talentosa. Achas que te podes tornar profissional noutras modalidades?
Não tenho certeza de que teria a oportunidade de me tornar profissional noutras modalidades mas adoro ver surf e desportos de inverno. Gostava muito de ter experimentado ski freestyle. Eu adorava ginástica, trampolim e salto. Quando fiz 15 anos, porém, escolhi saltar.